alguém ainda se importa com as GELEIAS?

UM MEDINHO NO POTE (E UM CONVITE DO CORAÇÃO)

TEXTO POR JORGE GONÇALVES
Há dias em que me pego pensando no silêncio em torno das geleias. Sim, elas estão lá — nas prateleiras, nos cafés da manhã, em lembranças de infância — mas será que ainda são vistas com o olhar de encantamento que merecem? Será que, no meio de tantos sabores prontos, de informações rápidas e distrações constantes, alguém ainda se importa de verdade com um pote de geleia? Com a história por trás dele? Com quem colheu a fruta, com quem mexeu a panela, com quem escolheu cada detalhe para transformar aquilo em algo especial?

Foi com esse sentimento — entre dúvidas e esperança — que escrevi o texto a seguir. Uma carta aberta, um convite e, talvez, um lembrete: as geleias têm muito a dizer. E eu sigo aqui, dizendo com elas.

Às vezes eu paro, olho tudo o que venho escrevendo, pesquisando, traduzindo, organizando — e bate aquele medo. Medo de estar falando sozinho. De que todo esse conteúdo que estou construindo com tanto cuidado, tanto estudo e tanta paixão acabe perdido em meio ao turbilhão de assuntos que dominam a internet. Eu penso: será que alguém está realmente lendo isso? Será que até mesmo as pessoas que trabalham com geleias — que são colegas de estrada, mestres e aprendizes — estão se interessando de verdade por esse universo? Será que o que estou oferecendo está chegando até elas?

Às vezes a sensação é de estar oferecendo um banquete completo… e as pessoas só dão uma beliscadinha. E não é por falta de assunto: tem história, tem técnica, tem gente incrível, tem tradição, tem inovação, tem fruta azeda e fruta doce! Tem geleia pra espalhar, pra aprender, pra ensinar, pra celebrar! Mas ainda sinto que o tema das geleias, mesmo para quem trabalha com elas, é tratado como algo pequeno, “simples”, quase como se fosse só uma calda espessa para colocar no pão.

Mas, olha… não é só isso, não. É muito mais. E eu queria que mais pessoas enxergassem isso comigo.

Por isso, hoje, escrevo esse texto com o coração aberto — pra te dizer que o mundo das geleias é fascinante, rico, ancestral e moderno ao mesmo tempo. E se você chegou até aqui, já é um sinal de que talvez a sementinha da curiosidade esteja plantada.

Então aqui vai meu convite (com cheiro de fruta fresca e rótulo bonito): vamos mergulhar mais fundo nesse universo?

Se você já faz geleias, que tal se aprofundar? Estudar novas técnicas, descobrir tradições de outros países, aprimorar seu processo, aprender com quem veio antes, experimentar o que ainda não conhece? Se você consome, que tal buscar produtores artesanais, ler rótulos, perguntar de onde vem a fruta, prestar atenção no sabor? E se você ensina ou divulga, que tal compartilhar mais? Trazer as geleias pra pauta? Mostrar pro mundo que dentro de um pote pode caber história, cultura e afeto?

Porque, veja bem: todo esse conteúdo que construo não é só pra mim. É pra nós. É pra criar uma comunidade que ama, valoriza e leva a sério o que faz — sem perder a doçura, claro.

Então, se você me acompanha, compartilha esse movimento. Fale de geleia com brilho nos olhos. Ensina, aprende, espalha. Vamos transformar o “medinho” de ser irrelevante em certeza de que estamos cultivando algo precioso. E, quem sabe, no futuro, a pergunta não seja mais “por que se interessar por geleias?”, mas sim “como é que a gente viveu tanto tempo sem prestar atenção nelas?”

Talvez este seja o ponto em que eu precise decidir se sigo escrevendo ou se me calo. Porque manter viva essa chama exige energia, tempo, entrega — e também retorno. Não só financeiro, mas principalmente humano: o retorno do interesse, do respeito, da valorização. O que faço não é só sobre frutas e açúcar. É sobre cultura, identidade, história e futuro. Se esse texto te tocou, se te fez pensar diferente sobre um simples pote de geleia, então ele cumpriu seu papel. Mas se passar despercebido, talvez eu precise aceitar que o mundo ainda não está pronto pra escutar o que as geleias têm a dizer. E isso, confesso, seria muito mais amargo do que qualquer conserva mal feita.

Um abraço carinhoso e (talvez) até breve!

2 comentários Adicione o seu

  1. Marjorye Andrade disse:

    Amo ler e me inspirar com o seu blog!

    1. admin disse:

      Marjorye, fico muito feliz em saber! Você trabalha com geleias ou é uma apreciadora?

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