MESTRA GELEIEIRA KATIA ALQUALO

KATIA ALQUALO E ALEXANDRE MATTAR DO SITIO CAMBARÁ

TEXTO POR JORGE GONÇALVES

Uma das coisas que gosto muito de fazer é pesquisar e descobrir produtores de frutas, principalmente quando eles que têm um propósito, pois automaticamente sempre tem uma história para contar.

Ale Mattar e Katia Alqualo | Foto: FARTURA BRASIL

E para iniciar essa série onde apresento as Mestras e Mestres Geleieiros pelo Brasil e pelo Mundo, escolhi pessoas muito especiais, que conheci por acaso, mas que dia a dia, por conhecer suas histórias, ideais, lutas e escolhas, por tanto trabalho e dedicação, desenvolvi um grande carinho e admiração que só cresce. Um respeito mútuo e uma troca de conhecimentos que é feita com muita simplicidade, onde tanto da minha parte quanto da deles, temos claro que o objetivo é acrescentar ao outro, somar, multiplicar…

E foi em março de 2017, enquanto fazia uma pesquisa na internet que “encontrei” o sitio da Katia e do Ale. O que mais me chamou a atenção foram as fotos da produção de mirtilos, pois coincidentemente nessa época eu tinha comprado uma muda para deixar na varanda do atelier, e ela estava já com algumas frutinhas, mas nada comparado as do sitio, que eram cheias de cachos azuis, uns mal cabiam na palma da mão, outros do tamanho de um antebraço… um verdadeiro espetáculo da natureza que o Ale descreve como “50 tons de blueberries”.

Mirtilos | Fotos: Ale Mattar

Ver aquelas imagens da plantação me fizeram lembrar de quando era criança e meus pais cultivavam algumas espécies na chácara que tínhamos no interior de São Paulo. Foi um resgate de memória afetiva, por que foi desse contato com a natureza, com as plantas e as frutas que me fizeram gostar tanto e me interessar cada dia mais.

Mas não eram apenas mirtilos… a cada post eu descobria um cultivo diferente. E a próxima descoberta me deixou muito mais empolgado, pois tratava-se da minha fruta preferida: framboesa. Na chácara dos meus pais também tínhamos um pé, mas essas da Katia e do Ale eram um pouco diferentes, eram framboesas negras. E o melhor, uma produção 100% orgânica!

À esquerda, pequenos frutos vermelhos produzidos no sitio, ao centro e à direita, framboesas negras | Fotos: Ale Mattar

E os “achados” continuavam, pois além dos mirtilos e framboesas vi cultivos de amoras pretas, physalis, silverberry (ou gumifruit), golden raspberries, peras, limão rosa, amendoim, alcachofra, alho, maçã, algodão, uva, kiwi e lima da pérsia. Mas a maior descoberta veio depois, quando soube que além de plantarem, a Katia é a Mestra Geleieira que transforma parte de suas frutas orgânicas em geleias com baixa quantidade de açúcar (30%) e não faz uso de pectina e conservantes.

Mestra Geleieira Katia Alqualo | Foto: FARTURA BRASIL

E como o intuito aqui é enaltecer essa linda profissão, é justo que eu conte desde o inicio a história do casal de publicitários de São Paulo que resolveu sair da cidade e morar no campo, em busca de uma melhor qualidade de vida e juntos, com apoio e cumplicidade embarcaram em um mundo totalmente diferente, iniciando o plantio de frutíferas e consequentemente, na produção de geleias.

Em 1996, Katia Alqualo e Alexandre Mattar adquiriram uma propriedade rural no Vale do Matutu, que fica na cidade de Aiuruoca, Sul de Minas Gerais, localizada na região conhecida como Terras Altas da Mantiqueira, a 1.300 metros de altitude. Deram o nome de Sitio Cambará.

Considerando o clima temperado, em 2010, começaram um plantio experimental 100% orgânico das chamadas pequenas frutas vermelhas – amoras pretas, framboesas, silverberry (gumi) e mirtilos. Desde então, aprofundaram os manejos nestes cultivos com vários cursos técnicos e, por paixão às geleias, começaram a desenvolver as primeiras experiências, na época apenas para consumo próprio.

Com a ótima adaptação das plantas ao clima, a alta produtividade destas frutas e com o sucesso das geleias entre amigos e familiares, inevitavelmente, a escala de produção começou a crescer.

Atualmente contam com um pomar orgânico bem produtivo e mantém a produção das geleias em sistema artesanal, e também oferecem ao visitante um programa de visitação guiada à plantação, que se tornou a principal fonte de renda. O trabalho de um está ligado ao do outro, e se complementam.

Foto: arquivo pessoal Katia Alqualo e Alexandre Mattar

Na região são pioneiros no cultivo de pequenos frutos vermelhos orgânicos e produção de geleias artesanais. Uma curiosidade: no início não tinham pretensão comercial, então o lema era “Se sobrá, nóis vende”, parodiando os donos dos botecos mineiros.

O ofício de fazer geleia veio através da tradição familiar e também com muita pesquisa, para fazer uma geleia com a qualidade e sabor exatamente como eles gostariam que fosse: artesanal, natural, quase sem adição de açúcar, para que as pessoas tivessem a sensação de que estivessem comendo as frutas no local, in natura. Utilizam de técnicas ancestrais, de forma empírica, onde realizam testes e mais testes até chegarem na cor, textura e sabor desejados. O açúcar utilizado é o cristal, que também é o único conservante natural adicionado as suas preparações. As texturas variam entre Jam (pedaços de fruta e sementes) e Jelly (uma linha mais fina, onde o suco da fruta é filtrado)

Geleia de Framboesa | Foto: FARTURA BRASIL

O primeiro sabor produzido foi o de amora (blackberry), e o mais famoso e mais vendido é o de amora com mirtilo, mas o preferido da Mestra é amora com pimenta. Fazem parte da linha: Amora Preta (Blackberry), Amora com Mirtilo, Amora com Hibisco, Amora com Pimenta, Mirtilo (Blueberry), Framboesa (Raspberry), e também as geleias de pequenos lotes: Physalis, Silverberry (Gumi) e Framboesa Dourada, que são vendidos em Empórios e Armazéns locais e principalmente para os visitantes do Sítio.

Geleia de Amora com Mirtilo Geleia de Amora com Pimenta Geleia de Mirtilo Fotos: Jorge Gonçalves

O que os inspiram é conseguir realizar uma atividade tão prazerosa, comercialmente viável e viver em meio à natureza e se sentem muito felizes, lisonjeados e satisfeitos quando vêem as pessoas degustando suas geleias, perguntando, interagindo, se interessando pelo trabalho. São geleias com personalidade, diferenciadas, e até hoje com índice de aceitação de 100%.

Ale Mattar na produção de mirtilos | Fotos: FARTURA BRASIL

E quando eu os perguntei sobre o que as pessoas precisam saber sobre eles, suas geleias e sua marca e qual a marca que desejam deixar no mundo, a resposta foi precisa:  “A melhor mensagem que podemos deixar é:  VISITE NOSSA PLANTAÇÃO!” E eu tenho certeza que estando lá, você vai encontrar todas as respostas!  

Agora imagina ter a possibilidade de conhecer o pomar, provar as frutas recém colhidas, aprender muito com o Ale sobre as espécies, suas particularidades e finalizar com uma deliciosa degustação e aquisição das geleias que são feitas pela Katia ali, naquela linda região, onde ambos colocam as mãos “na terra” e “no tacho” para oferecer a melhor experiência possível e para que você consiga sentir os ricos sabores transformados em geleias. Tudo isso é possível graças à pessoas especiais como eles, por isso, prestigiem, entrem em contato, conheçam e provem. Essa é uma oportunidade de descobrir sabores únicos “preservados” especialmente para você, e sentir a importância na cadeia de produção, onde podemos aprender (e muito) e desenvolver a preocupação com o todo, e se conscientizar que para um bom resultado final, o processo começa muito antes do cultivo: nas escolhas saudáveis que temos. E com isso, podemos ajudar a construir um mundo melhor e mais gostoso!

Instagram – @ale108 mattar

email: alqualuz@gmail.com

Telefone/Whatsapp – (35) 99901-6431 | (35) 99939-1705

4 comentários Adicione o seu

  1. Renato disse:

    Excelente reportagem
    Esse casal é fantástico!!!!

    1. admin disse:

      Ele são sensacionais Renato, ótima escolha ter começado esse projeto com eles, vai dar sorte <3
      Abraço!

  2. maria Nazaré Lopes disse:

    bom-dia que história linda conheço Aiuroca aliás conheço muitas cidades de Minas pois me casei no templo teosofico em São Lourenço! parabéns ao casal em fazer e estar c/ vc nesse trabalho lindo e nos trazer todas essas delícias! abraços à todos😍😍😜😜

    1. admin disse:

      Que ótimo, querida! Viajar é tão bom, não? Ainda mais quando podemos conhecer melhor o lugar, a cultura, os costumes, e principalmente a gastronomia. Quando for para os lados lá de Aiuruoca aproveite para conhecer a plantação da Katia e do Ale, além de muito simpáticos e excelentes profissionais, eles tem um chalé muito acolhedor. Beijão!

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