Chef Darren McGrady revelou algumas peculiaridades sobre os gostos culinários da Rainha Elizabeth II, dentre eles sua GELEIA favorita.

TEXTO POR JORGE GONÇALVES

Será que um dos motivos de sua longevidade são doses diárias de boas GELEIAS? Prefiro acreditar que sim e fazer minha parte!

8 de setembro de 2022. Aos seus 96 anos, morre a Rainha britânica, dando fim a um reinado que durou 7 décadas, e durante esse período, o tratamento dado à ela seguia um protocolo de formalidades. Membros do público não deveriam chamá-la por seu nome, e sim por Sua Majestade, quando a encontravam pela primeira vez, e “senhora” a partir de então. Apesar disso, dentro da família real, era chamada por um apelido carinhoso.

O apelido foi dado à Rainha quando ela ainda era criança porque, de acordo com a revista Hello! Magazine, Elizabeth, ainda sem dominar a fala, não conseguia pronunciar o próprio nome e acabou encontrando em Lilibet a solução para o problema. Os pais e avós da Rainha adotaram o apelido para a então menina e, até sua morte, foi carinhosamente chamada assim por outros membros da família real.

E por mais reservada e discreta que tenha sido a vida da Monarca mais longeva da história do Reino Unido, alguns segredos sempre são revelados. De pequenos e corriqueiros detalhes a grandes ações, todos os protocolos e obrigações despertam a curiosidade de todos.

Eu já tinha feito a pesquisa sobre suas preferências gastronômicas e planejava produzir um texto mais a frente, não agora. O seu longo reinado nos fez acreditar que ela ainda teria muito tempo de vida, tanto que por várias vezes era comum ler algo do tipo como “que mundo pretendemos deixar para a Rainha Elizabeth?” Toda vez que alguém morre, por alguns instantes eu faço uma espécie de retrospectiva na minha mente, fico tentando lembrar particularidades, alegrias e acontecimentos.

A morte é um grande tabu e nem sempre falamos sobre ela, a grande questão é, na verdade, a vida.

Parar e pensar sobre a vida faz refletir o quão limitado e temporário é esse recurso, o quanto se deve ter de consciência de que vale a pena viver todos os momentos. Viver e sentir. E isso nos leva a outra pergunta: estamos vivendo e sentindo? Ou chegaremos no fim da jornada arrependidos de não os tê-lo feito? No dia que morrermos, quais das nossas lembranças vamos querer que continuem vivas?

Viva o presente, se lembrando do passado e fazendo seu melhor pelo futuro. Viva para que você tenha o que lembrar até seu último dia. Ontem foi Lilibet, mas um dia será você, e quando esse dia chegar, será feliz pelo que viveu?

Olhar para a morte me faz respeitar mais a vida, a ansiar mais por ela.

Voltando as preferências alimentares da Rainha…

Conhecido por ter sido o cozinheiro da família real por 15 anos, o chef Darren McGrady revelou em várias entrevistas algumas peculiaridades sobre os gostos culinários da Rainha Elizabeth II. Contou que durante os anos em que ele trabalhou como funcionário no palácio de Buckingham, a Monarca nunca pediu sequer um pedaço de pizza, adorava chocolate, odiava alho e tinha preferência por comidas que fossem caçadas ou colhidas em propriedades da realeza, como Sandringham ou Balmoral.

Ela sempre teve quatro pequenas refeições por dia, e se estava comendo em casa e não em um evento público, eles eram muito simples, pratos saudáveis com muitos vegetais.

A Rainha planejava todas as suas refeições com antecedência, e duas vezes por semana, o chef real enviava uma lista de opções de menu, onde ela riscaria o que não queria e aprovaria os pratos que desejasse. De acordo com Chef McGrady, a Rainha gostava de sua comida fresca, sazonal e local. Ele disse que podia servir morangos todos os dias quando eles estivessem na estação, e isso a deixava feliz. Se ele tentasse colocar morangos no cardápio em janeiro, ela os riscava da lista.

Pequeno almoço

O café da manhã da Rainha era surpreendentemente comum. Ela geralmente comia cereal com frutas frescas e também gostava de ovos mexidos com salmão defumado. Seus ovos eram sempre marrons, porque achava que eles tinham um gosto melhor que os brancos.

Mais o segredo mais esperado desse texto está prestes a ser revelado. E diz respeito a uma preferência específica. Amava sanduíches de geleia, e sua primeira escolha era sempre pela caseira, feita a partir das frutas de seu palácio de férias. Se não estivesse disponível, sua segunda geleia favorita era a Little Scarlet, da Tiptree, feita de uma variedade especial de morangos extremamente vermelhos, raros, minúsculos, incrivelmente doces e brilhantes. Um luxo!

As primeiras conservas ‘Tiptree’ foram feitas em 1885 na propriedade Tiptree e ainda são feitas até hoje. As plantações de frutas incluem morangos, amoras e ameixas, para citar apenas alguns. A fruta de assinatura é o morango Little Scarlet, uma pequena variedade selvagem, originalmente implantada no Reino Unido pela família Wilkin, no início de 1900. Possivelmente são únicos no mundo no cultivo desta difícil variedade, mas vale a pena pela qualidade da geleia que proporciona. Receberam sua primeira Royal Warrant (Autorização Real) de George V em 1911 e continuam sendo titulares como fornecedores de produtos ‘Tiptree’ para Sua Majestade, a Rainha Elizabeth II. Os Royal Warrants são concedidos a certos indivíduos que fornecem à Família Real Britânica produtos de alta qualidade e serviços ao longo de muitos anos.

Os produtos são encontrados em mais de setenta países, em navios de cruzeiro de luxo, em hotéis cinco estrelas e nas principais companhias aéreas.

Coquetel pré-almoço

A Rainha gostava de gim e coquetel Dubonnet antes do almoço, um clássico da cultura britânica.

Almoço

O almoço era algo simples, como peixe grelhado ou frango com legumes. A Rainha não comia amidos em um dia comum em sua casa, então nunca havia macarrão, arroz ou batatas. Uma taça de champanhe no almoço, outra no jantar, e uma terceira no final da noite. Champagne Bollinger e Krug têm mandados reais para fornecer champanhe à realeza.

Chá da Tarde

O chá da tarde da Rainha era um “evento” apropriadamente chique. Ela sempre tinha dois tipos de sanduíches e uma variedade de opções doces. Seus recheios de sanduíche favoritos eram ovo com maionese, salmão defumado, atum, pepino e presunto com mostarda. As crostas sempre cortadas. E mais uma vez fazia uso de geleias, dessa vez com scones (pãozinho típico do chá da tarde inglês, e que costumava comer com geleia de framboesa) ou um pouco de bolo, sendo seu favorito feito de biscoito de chocolate, que ela gostava tanto que até viajava com ele.

Jantar

Como o almoço, o jantar era simples: carne com legumes. A Rainha gostava particularmente de peixe e carnes de caça. Aos domingos, ela costuma desfrutar de um tradicional assado com pudins yorkshire. Ela sempre comia sua carne bem passada.

Diante de uma vida mais simples (mas não menos importante) e com outros tipos de regras e protocolos, rotinas, compromissos e deveres, sabemos exatamente quais são nossas preferências? Quais sabores e aromas mais nos agradam? É possível levar uma vida toda gostando somente de um ou poucos prazeres e mantê-los até o final? E quais deles queremos ou estamos dispostos a abandonar e perder pelo meio do caminho para aprendemos a apreciar outros novos?

Temos muito que aprender, com a Rainha e com nós mesmos!

GOD SAVE THE QUEEN AND US ALL!