frutas GENUINAMENTE brasileiras

SERÁ QUE REALMENTE SABEMOS QUAIS SÃO NOSSAS FRUTAS?

TEXTO POR JORGE GONÇALVES
Jabuticaba | Foto por: Google

Quando se pergunta qual a fruta brasileira que melhor representa o Brasil é quase unanime que a resposta seja BANANA. Recentemente eu perguntei aos seguidores nas redes sociais “qual a fruta que melhor representa o Brasil”, e advinha a resposta? Sim, BANANA!E ela pode até representar e ser um símbolo nacional, mas você sabia que a banana não é nativa daqui?

Banana | Foto por Jonas Von Werne em Pexels.com

CERTO, MAS E O CÔCO?

Aposto que você também acha que ele é nativo do Brasil. Mas… mesmo sendo usado em muitos de nossos pratos e doces tradicionais e a costa litorânea nos presentear com lindas paisagens com enormes coqueirais, devo lhe dizer que ele veio de muito longe… A hipótese mais aceita de sua origem é no Sudoeste Asiático, principalmente nas ilhas entre os oceanos Índico e Pacífico. Dessa região, foi levado para a Índia, e em seguida para o Leste Africano, e após o descobrimento do Cabo da Boa Esperança, foi introduzido no Oeste Africano e daí para as Américas e toda a Região Tropical do globo. No Brasil, as evidências históricas indicam que foi introduzido em 1553.

selective focus photo of coconuts
Côco | Photo by NipananLifestyle.com on Pexels.com

E se eu te disser que existe uma espécie nativa da Mata Atlântica que pode chegar a 15 metros de altura e que no início do século passado usavam de seu tronco para produzir um doce, e devido sua textura semelhante à do côco, se popularizou com o nome de “cocada paulista”, você acreditaria? Estou falando da Jaracatiá, que emTupi significa “Fruta da árvore do talo ou tronco mole”. Essa planta é tão completa que vale um texto falando somente sobre ela. Em breve compartilho mais informações, mas o objetivo com essa introdução era mostrar que nem sempre a fruta mais comercial e mais conhecida por todos é uma espécie nativa. Existem muitas frutas desconhecidas, cheia de sabores e histórias e que devemos aprender e dar mais valor!

Com um país tão grande, de dimensões continentais, é natural não termos conhecimento de toda a diversidade. Era natural… pois a partir de agora, eu vou mostrar e desvendar junto com você todos os sabores do nosso país!

Araçá-vermelho | Foto por: sementeorganica.com

E vai muito além de conhecer apenas os tipos, aromas, cores e sabores. Vou apresentar também aspectos culturais e históricos, como por exemplo uma fruta genuína brasileira e que dá nome a uma cidade do litoral paulista e outra que dá nome a um bairro da cidade de São Paulo, e também receitas e produtos feitos a base dessas frutas.

Muitos de nós nutrimos o desejo de cultivar e colher frutas frescas, porém na maioria das vezes nos deparamos com mudas de frutas “comerciais”, e grande parte das nativas do Brasil pertencem ao grupo de frutíferas de pouco mercado, e isso faz com que perpetuemos o conhecimento das frutas mais comuns no mercado e cada vez mais, sabemos menos sobre as nativas brasileiras.

Catalogados, temos mais de 580 tipos de frutas nativas do Brasil e 500 tantas outras que são exóticas, um número que pode ser maior, uma vez que ainda existem muitas frutas silvestres desconhecidas. E nesse grupo de frutíferas de pouco mercado e que ainda permanecem desconhecidas do grande público, perdemos a chance de conhecer e desfrutar de seus sabores e benefícios. Elas podem (e devem) ser aproveitadas não somente em seu estado natural, mas como novas propostas de sabor na gastronomia, em sucos, sorvetes, pastas, doces, licores, vinhos, até na extração de substâncias úteis a diversas indústrias como a dos cosméticos e medicamentos, e principalmente, como GELEIAS.

Maracujá da caatinga | foto: Fernanda Birolo/Embrapa

Em sua grande maioria são plantas selvagens, e algumas já com programa de melhoramento genético desenvolvido por entidades de pesquisa como EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), IAC (Instituto Agronômico de Campinas), INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), IPA (Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária), Universidades e também alguns Institutos que trabalham em parceria com pequenos produtores, incentivando o cultivo de espécies nativas e fazendo com que cada vez mais as pessoas descubram sabores até então pouco (ou quase nada) conhecidos e apreciados.

A importância do cultivo de frutas nativas se dá não só pela valorização do produto e sabor nacional, pela escalada na demanda dos mercados interno e externo por novos sabores, cores e texturas (e nesse caso poderá ser aproveitado por quem se dedicar ao cultivo de novas frutas, desde que aliado a um bom apoio técnico) mas pelo equilíbrio ambiental e garantia da biodiversidade local. Elas serão sempre a melhor opção, pois estão adaptadas ao clima e solo locais, o que facilita seu crescimento e resistência a fatores externos que sejam agressivos, como a ausência de chuvas e ataque de animais e insetos.

O fato é que elas foram e estão expostas às condições comuns por centenas de anos até a “invasão” humana, o que faz com que sua importância seja elevada pois estão perfeitamente adaptadas à todas as variações climáticas e físicas que ocorreram na região.

Caraguata | foto: davesgarden.com

Outra importante questão que devemos levar em consideração é a conservação da qualidade do ar e do solo, onde o gás carbônico é absorvido pelas plantas em uma maior quantidade do que nas espécies que não possuem características compatíveis com a região, e assim proporcionam uma menor qualidade do ar quando comparada às nativas.

Os beneficios de se utilizar de espécies nativas resultam em grandes escolhas que impactam a todos, através da Sustentabilidade, onde se manter o solo em perfeitas condições ao longo dos anos é extremamente essencial, especialmente em casos onde há o cultivo de grandes quantidades de plantas como em pomares e cercas vivas, de modo que o uso de plantas nativas permite o uso eficiente do solo por mais tempo. Impacta também financeiramente, onde o custo-benefício é significativo, ou seja, o preço de aquisição é baixo, de modo que mesmo proprietários que dispõem de pouca disponibilidade orçamentária podem usufruir dessas plantas, sendo especialmente útil para pequenos proprietários bem como o plantio em áreas urbanas. Sem falar na variedade, onde as plantas de uma determinada região, de diferentes tamanhos, cores, flores, aromas e outras características, acabam atraindo insetos e animais benéficos para esse mesmo ecossistema.

yellow wasp on blueberry
Photo by lilartsy on Pexels.com

Poucas são as desvantagens, mas elas existem, a saber: disponibilidade (ou a falta dela), onde chances de se encontrar uma planta específica que seja nativa da região é menor, mas que pode ser suprida por um excelente fornecedor, ou até mesmo encontrar outras plantas que melhor se encaixem às características climáticas da região. E quando se fala em cuidados específicos, temos que nos atentar que algumas plantas demandem cuidados especiais e que as vezes são desconhecidos, mas nada como consultar um profissional e especialista para sanar essa questão. As desvantagens são mínimas quando pensamos no resultado global que as plantas nativas podem oferecer, eu diria até que são “pontos de atenção” para que possamos refletir sobre o quanto elas são tão importantes porém pouco conhecidas e a cada dia mais raras.

E para que possamos não só ter um maior equilibro da fauna, flora e da biodiversidade, mas para que todos tenham a possibilidade de provar as frutas locais é EXTREMAMENTE IMPORTANTE a consciência que devemos MANTER, PRESERVAR e RESTAURAR as espécies nativas. O nosso país é muito rico em sabores, que tal fazer nossa parte para que outras pessoas tenham acesso a eles?

Agora me diga, ficou surpreso em descobrir que algumas frutas tidas como símbolos de brasilidade, na verdade, são nativas de outras regiões?

Qual fruta você considera a mais BRASILEIRA de todas?

Tem alguma curiosidade? Me conta nos comentários que terei o maior prazer em responder! E também me acompanhe para saber mais!

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